segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Quinquilharia



Japão desenvolve robôs para ajudar idosos.
Taizo é um robô que carrega nas costas o idoso desejoso de morrer no alto da montanha, ao sentir a proximidade da morte. Em geral, isso se dá na estação de inverno rigoroso, como agora. A ideia surgiu como adaptação do clássico “A Balada de Narayama”, do genial e inolvidável cineasta Shohei Imamura. Taizo é auxiliado por Paro, uma foca eletrônica equipada com inteligência artificial capaz de tornar a caminhada mais agradável e divertida, e encerrando de vez, e com humor, a questão da honra familiar da ancestral família japonesa.
Casa de Tchekov sofre abandono nos 150 anos de seu nascimento.
Depois do progressivo envenenamento das relações entre russos e ucranianos, com estes encabeçados pela vigorosa líder Yuliya Tymoshenko e  motivados pela criminosa tentativa do corte das suas tranças cultivadas desde a mais tenra infância (depois da leitura de “Rapunzel”, dos irmãos Grimm), o parlamento da Ucrânia resolveu cortar as verbas destinadas  ao museu do escritor de “O Jardim das Cerejeiras”, cultuado como gênio pelos habitantes do país limítrofe. Uma represália à altura e com as  dimensões adequadas de repúdio ao povo inimigo da nação ucraniana.
Correr descalço reduz impacto nos pés, diz estudo.
Biólogo, professor de Harvard e corredor, Daniel Fearless concluiu, após dezenas de recordes atingidos por corredores etíopes, quenianos, eritreus e marroquinos, em Olimpíadas e competições de longo percurso, que os pés têm melhor desempenho correndo nus do que calçados por tênis, isto é, o estresse a que são submetidos é menor. Resumindo, todos os engenhos humanos para melhorar o desempenho dos pés falharam. O cientista publicou um artigo na revista científica Nature com os seus argumentos. Logo em seguida, uma empresa lançou um calçado que imita o pé descalço tão exatamente que não se consegue distinguir o produto a olho nu.
Acidente durante perseguição deixa dois mortos em São Paulo.
Valorosos soldados da nossa Polícia Militar empreenderam o resgate de um automóvel da marca Volkswagem, modelo Passat, ano 1986,  roubado por elementos desconhecidos quando seu proprietário colocava a trava de segurança, ligando  o volante à alavanca do câmbio. Eles utilizaram o artefato para deixá-lo preso ao portão da casa da namorada. Ela, apavorada, correu para dentro e pediu ajuda, dando todos os elementos para a briosa corporação. Depois de algumas horas de perseguição, em desabalada carreira pela cidade de Diadema, o carro retornou ao lar, com as molas quebradas graças ao auxílio dos quebra-molas locais, escoltado por dois policiais e deixando duas pessoas mortas atrás de si, uma delas grávida. Ambas foram encaminhadas ao Instituto Médico Legal para exames de praxe, atingidas por projéteis durante o rali. O veículo também foi atingido, ocasionando a destruição do vidro traseiro. O policial, amavelmente,  indicou um fornecedor de vidros usados de confiança para a vítima.
Para salvar namoro, chinesa quer operar e virar sósia de Jessica Alba.
Chao Queen, chinesa de vinte e um anos, um metro e cinquenta de altura, sessenta quilos, fará cirurgia plástica para se tornar uma sósia da atriz Jessica Alba. A atriz, considerada símbolo sexual,  tem um metro e setenta um centímetros de altura, cinqüenta e três quilos, filha de mãe franco-canadense e pai MBA (mexican born american). A jovem declarou-se constantemente humilhada pela peruca loira, usada sob a ordem do namorado. “Atender à fantasia dele destruía a minha. Ele fazia amor com a peruca. Quero melhorar a minha personalidade, tornando-me igual a ela.” A publicidade atingida pelo caso motivou um cirurgião plástico a tentar a façanha. “Existem condições técnicas para o caso.” Caso consiga, imagina ficar milionário diante da imensa demanda na sua região (interior da província de Zhifunzheu), exclusivamente povoada por orientais.
Fênix carrega carga letal de 200 megatons.
Gjiergji Pulë, da Universidade de Eqrem Çabej, Gjirokastër, doutor em Geologia, residente na cidade de Batávia, dedicou sua vida ao estudo do vulcão Krakatau e de seu “filho”, Anak Krakatau. Talvez pelo caráter espetacular da erupção de 1883, um espetáculo de som, fúria, cores e fluxo piroclástico com mais de vinte horas de duração, causadora do maior ruído de que se tem notícia na Terra, ouvido a uma distância de três mil milhas do local, o seu poder de destruição, irradiado em um círculo de trinta quilômetros de raio, causador da morte de mais de trinta mil pessoas, e o seu próprio desaparecimento, tragado para dentro do mar, envolto em fumaça, cinzas e tremores. A beleza majestosa desse espetáculo natural e  o reaparecimento em 1927, após novas erupções, de uma ilha vulcânica na mesma região, são fatos de caráter didático exemplar. Acompanho o seu desenvolvimento desde os nove metros iniciais, hoje transformados em mais de trezentos metros de altitude.
Hugh Hefner faz uma exótica, bombástica, comparação.
Ícone nos Estados Unidos, ao responder questões relativas à venda da sua revista, sai do seu habitual e responde bem ao estilo de Eric Cantona: “Quando eu casei a primeira vez, dormíamos em uma bela cama de casal, com dossel e espaço suficiente para o nosso café da manhã. A Marylin apareceu na revista nua, sem mostrar quase nada, por exigência dela. Depois, eu e minha mulher passamos a dormir em camas separadas, no mesmo quarto. Nessa ocasião, as meninas da revistas exibiam os seios e escondiam o resto. A evolução dos meus casamentos exigiu que dormíssemos em quartos separados, e a Playboy passou a mostrar nu frontal, seios e vaginas, adocicadas e com retoques. Até pouco tempo atrás, eu e as consortes morávamos em casas diferentes, apenas nos encontrando em ocasiões especiais, confesso, frequentes, mas cada um na sua. Enquanto isso, playmates escancaram sua anatomia, com nu frontal e closes provocantes. Meus amigos, hoje, dizem preferir sexo eletrônico, através do e-mail, textos de celulares, ou telefone. Contatos são episódicos. E as fotos das páginas centrais se assemelham aos estudos ginecológicos, tentando fotografar o ponto G. Hollywood is a place where they'll pay you a thousand dollars for a kiss and fifty cents for your soul”.

Estas notícias, todas de hoje, formaram uma imagem em mim, cuja descrição ainda não consegui elaborar. Mesmo depois de várias releituras. Antes de desistir, peço a sua ajuda, leitor. Enquanto você lê, assistirei ao filme “Paris, Texas”, adquirido por noventa e nove centavos de dólar.