sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Olestra




Hoje revi a cena de um velho tocando acordeão.
Cego, acomodado sobre uma banqueta. Ria ao tocar e pontapeava um cão curioso, Cãs encaracolados nas laterais da cabeça lisa feito um ovo. Balançava o corpo como um pêndulo, sorrindo e chorando naquele fole retrátil.
A cena é distante e evocativa.
Reunia as expressões dos rostos, resumidas nas dobras do bandoneon. A música sobressaía, melodiosa, sem exageros, expressão do vento soprando os lençóis do baldaquino improvisado. Sussurrava.
Era um casamento no campo.
Eu me recordo. Recordei você.
É no sonho que somos felizes.
Bom dia.